sexta-feira, 23 de agosto de 2013

Romário quer ser prefeito do Rio


Romário quer ser prefeito do Rio
São Paulo - Para quem corre o risco de perder o mandato e está sem partido, o deputado federal Romário demonstra uma calma incomum. E só mira o horizonte: está focado em se tornar o sucessor de Eduardo Paes na Prefeitura do Rio de Janeiro, em 2016.

Explica-se: após anunciar a desfiliação do PSB, há duas semanas, o ex-craque busca uma nova sigla que abrigue a ele próprio e o ambicioso sonho político.

O problema é que o suplente de Romário na Câmara, Carlos Victor (PSB-RJ), pretende despachar o deputado da Casa por infidelidade partidária e assumir a vaga.

Com a situação ainda inconclusa, Romário conversou com EXAME.com e já se disse pronto para chefiar o Executivo carioca, embora tenha menos de três anos de atividade política - diplomou-se deputado em 2011.

"Eu posso vir a ser um grande administrador para a cidade", garante.

Seguro, diz que não tem dúvida que encontrou a vocação. "Estou no lugar certo", acredita. Confira abaixo os melhores momentos da entrevista.

EXAME.com - Por que  decidiu sair do PSB?

Romário - Estou saindo porque não tem espaço para que eu concorra a prefeito no PSB. Essa é uma condição para o meu novo partido, inclusive. Todas as minhas conversas estão condicionadas a essa possibilidade de disputar a prefeitura do Rio. É uma grande vontade que tenho.

EXAME.com - O senhor está verdadeiramente decidido a disputar a prefeitura do Rio em 2016 ou há outras possibilidades?

Romário - Os meus planos imediatos na política são voltar a concorrer como deputado federal (em 2014), e há também uma possibilidade bem remota de concorrer como senador. Para 2016, com certeza, quero disputar a prefeitura do Rio de Janeiro.

EXAME.com - Já tem algum partido em mente?

Romário - Já conversei com PR, PRT, PT, PSOL, Solidariedade (partido que está sendo criado por Paulinho da Força, hoje no PDT) e PSC. Para todos eles, estou colocando a minha vontade de concorrer ano que vem como deputado ou senador e como prefeito em 2016. É claro que se eu ganhar como senador, não vou sair pra disputar a prefeitura, mas gostaria de ter essa possibilidade aberta agora.

EXAME.com - E qual é a prioridade? 

Romário - Minha prioridade é deputado federal em 2014 e prefeito em 2016.

EXAME.com - O sr. não tem medo de perder o mandato por conta de infidelidade partidária?

Romário - Eu tenho consciência que isso pode parar na justiça e eu vou me defender da melhor forma possível. Levei isso em consideração quando decidi sair do partido.

EXAME.com - E se houver a disputa na justiça e o sr. perder o mandato, o que pretende fazer?

Romário - Se a justiça determinar assim, eu vou continuar fazendo a minha política sem o mandato através das minhas redes socais. Mas ano que vem, de qualquer forma, volto a me candidatar como deputado ou como senador.

EXAME.com - Na sua opinião, a situação está ruim no Rio?

Romário - Não sei se a palavra é ruim, mas o momento realmente não é bom. O Rio de Janeiro está atravessando um momento de muito descrédito. Eu tenho acompanhado o movimento nas ruas. O povo está fazendo passeata, está acampado na Assembleia e na casa do governador. Está fazendo seu papel e eu sou bastante a favor disso. Acho que quando a pressão do povo é sem violência, é legítima.

EXAME.com - Se conseguir se eleger como prefeito do Rio, o que fará diferente?

Romário - Nos últimos anos o governo do estado e do município fizeram uma aliança muito positiva com o governo federal. Recebemos muitas verbas que foram distribuídas por vários setores do estado. De zero a dez, eu daria nota 8 para os primeiros quatro anos, mas agora, no segundo mandato, acho que eles deixaram a cidade um pouco de lado. Mas mesmo assim a saúde, a educação, o transporte publico, a mobilidade urbana, a acessibilidade para pessoas com deficiência e até mesmo a segurança poderiam estar num momento bem melhor que estão hoje. O governo do estado e do município estão muito desacreditados, sem credibilidade com a população. E eu acho que por conhecer bem os problemas que existem, eu posso vir a ser um grande administrador para a cidade. Claro, colocando pessoas profissionais e competentes para trabalhar comigo. Nas pesquisas prévias para a prefeitura do Rio feitas no ano passado, eu fiquei em 3º lugar.

EXAME.com - O sr. encontrou seu caminho na política?

Romário - Hoje eu tenho certeza que estou no lugar certo. Eu descobri que tenho essa vocação de dar um toque diferente na política daqui. Eu entrei na política desacreditado, mas hoje eu estou bastante feliz de ter feito isso. As pessoas me dão parabéns pelo meu trabalho e muitos dizem para eu concorrer à prefeitura do Rio. Eu tenho consciência que a minha entrada na política foi muito positiva na minha vida.<

EXAME.com - O sr. acha que conseguiu mudar sua imagem?

Romário - Qualquer pessoa pública que entra na política sempre é recebida com desconfiança. Hoje, depois de quase três anos, as pessoas me veem como o cara que tem a cara do povo, que luta pelo povo e que diz o que os outros não têm coragem de dizer.

EXAME.com - Alguns deputados que não têm uma carreira na politica, como é o seu caso, geralmente reclamam de ter dificuldades em fazer passar os projetos. Como foi para o sr.?

Romário - É verdade, isso acontece muito. Somos 513 na câmara. Existem uns 50-100 deputados que têm mais de três ou quatro mandatos e eles têm prioridade em relação aos novos. Mas isso depende. Por exemplo, eu sou novo, mas já aprovei alguns projetos que vão passar no plenário nesse ano ou no ano que vem. É claro que quando se trata de uma coisa politica, os que já têm experiência nesse meio conseguem sair mais na frente.

EXAME.com - Qual é sua principal bandeira?

Romário - A minha principal causa é a das pessoas com deficiência. Luto muito por essa bandeira. O meu mandato tem um estilo combativo, propositivo, que fiscaliza e que cobra. Resumindo: é um mandato corajoso.

EXAME.com - Do que se trata a CPI da CBF?

Romário - Eu decidi fazer essa CPI para investigar os gastos da CBF porque não dá pra aceitar esses absurdos que acontecem lá: convocações que são feitas através de empresários que pressionam o técnico a convocar para depois vender o jogador valorizado, contratos feitos em nome de laranjas, funcionários que enriquecem ilicitamente. Tudo isso me motivou a coletar as assinaturas e abrir a CPI.


EXAME.com - E em que pé está agora?

Romário - Tá em 3º lugar na fila de votação. Antes do recesso eu conversei com presidente da Casa, Henrique Eduardo Alves, e passei para ele a importância da CPI. Ele ficou de ver. Quando eu voltar agora, vou conversar com ele de novo.


EXAME.com - O sr. não tem vontade de assumir um cargo em uma entidade esportiva?

Romário - Eu vou sempre estar fiscalizando, cobrando e mostrando para as pessoas os absurdos que acontecem na CBF. Mas enquanto a CBF não for um órgão limpo e sério, eu não vou me envolver. Se a CBF não fosse um órgão corrupto, eu teria o maior prazer em participar disso, mas pelo que eu estou vendo, essas falcatruas vão continuar.



Exame.com



 

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